Raça Fila Brasileiro
Fila brasileiro
País de origem Brasil
Fila brasileiro é uma raça de cão de grande a gigante porte desenvolvida no Brasil e a primeira raça brasileira a ser reconhecida internacionalmente. A origem deste canino está atrelada à colonização do país, quando europeus levaram seus animais de trabalho à nova nação. Desses cruzamentos surgiu um cão que herdou a grande e forte estrutura óssea dos mastiffs ingleses, a pele solta e as orelhas baixas dos bloodhounds, e a resistência dos bulldogues. Popular em sua nação de origem, chegou a ser a raça mais registrada pela confederação nacional. O fila brasileiro é ainda considerado um personagem anônimo da História do Brasil desde os tempos do descobrimento, quando ajudou os colonizadores na conquista do território, protegendo as comitivas dos Bandeirantes de ataques de nativos e onças ou suçuaranas; e até mesmo sendo usado pelos colonizadores para recapturar escravos fugitivos.
Robusto, é descrito como animal de faro excelente, bem como de temperamento forte, que requer o pulso de donos firmes e experientes. De aparência facial agressiva, teve o seu inicial padrão modificado para mostrar uma cara "menos violenta". Em contrapartida, é visto como um canino tolerante com crianças, comportado e seguro.
História
Até os dias atuais, justifica a alcunha de cão boiadeiro.
Primeira raça brasileira a ser reconhecida internacionalmente pela FCI, em 1940 o fila brasileiro é um personagem anônimo da História do Brasil desde os tempos do descobrimento, quando ajudou os colonizadores na conquista do território brasileiro, seja protegendo as comitivas dos Bandeirantes de ataques de nativos e de onças ou suçuaranas, e até mesmo foi usado pelos colonizadores para recapturar escravos fugitivos.
Historicamente, os filas sempre estiveram presentes em todas as regiões do território brasileiro, mas a rota dos tropeiros, levando mercadorias do interior do território para o litoral, influenciou entre outras coisas a maior presença desta raça em determinadas regiões, porque os tropeiros sempre tinham suas comitivas protegidas por filas, com isto sua incidência sempre foi maior nas regiões centro-oeste e sudeste, principalmente em Minas Gerais. e em Mato Grosso, mas algumas gravuras do início do século XIX, apresentadas pelo príncipe Maximilian zu Wied-Neuwied,
atestam que esta raça já estava presente no nordeste brasileiro desde esta época, a primeira mostra vaqueiros vestidos com chapéus e roupas de couro, característicos desta região, estão perseguindo um boi e auxiliados por um fila, chamados na época de cabeçudos onceiros ou boiadeiros, na segunda gravura, o príncipe relato o fato no sul da Bahia, onde segundo ele, quatro cães de orelhas cortadas, com grande porte e formato corporal retangular, características do fila, estão acuando uma onça em cima de uma árvore.
O fila brasileiro teve seu apogeu nas décadas de 1970 e 1980, quando era uma das raças com maior número de registros. Nesta mesma época, criadores tentaram mudar o padrão oficial da raça para abrandar o temperamento agressivo que, de certa forma, era exaltado no padrão anterior. Uma escolha que hoje em dia é polêmica, alguns criadores acreditam que o fila é um cão necessariamente com ojeriza a estranhos, mas muito dócil com a família e crianças, outros também concordam que ele é muito dócil com a família e crianças, mas preferem um
temperamento de guarda mas brando, onde o cão não aceitaria uma invasão territorial, mas aceitaria uma visita acompanhada de seu dono. O fato é que nesta época a palavra ojeriza foi substituída por aversão, mantendo o mesmo significado na expressão "possui aversão a estranhos" em seu padrão oficial.
O fila brasileiro é conhecido pela fidelidade e devoção extremas ao dono, características que criaram um provérbio brasileiro secular que diz, "fiel como um fila", tais características comportamentais foram apreciadas durante os séculos de desenvolvimento da raça, o que ajudou a popularizá-la.
Origem
Muito se fala sobre as raças que deram origem ao fila brasileiro, mas a intervenção do homem no aperfeiçoamento da raça dividiu igual importância com a seleção genética natural a que estes cães
foram submetidos devido as árduas condições encontradas pelos primeiros filas brasileiros em nossa história. Eles desempenhavam as mais variadas funções junto aos colonizadores, como guarda, caça, proteção contra animais selvagens, pastoreio de bovinos, faro para localizar e capturar escravos fugitivos, e até cão de guerra, nos ataques a tribos nativas e posteriormente a quilombos.
Mas o "Grande Livro do Fila Brasileiro" nos dá algumas hipóteses mais prováveis do surgimento desta raça, e devido a haverem tantas versões de seu surgimento, mas nenhuma cabalmente comprovada, o padrão oficial da raça omite qualquer versão histórica para o surgimento da raça, por não haver consenso entre os criadores sobre qual versão é a verdadeira.
A teoria mais antiga e difundida sobre sua origem, é a que reconhece que o fila brasileiro é descendente de cães trazidos ao Brasil durante todo o período de colonização portuguesa, nesta época muitos cães foram trazidos pelos colonos ao Brasil, raças de cães que eram comuns em toda a Europa ocidental no período do Brasil colônia. Quando da vinda de Dom João VI ao Brasil, muitos cães da raça mastiff, que já haviam sido trazidos ao Brasil, desta vez teriam vindo em massa junto com a classe média portuguesa da época, deste cão teria herdado o grande porte e a aptidão nata para a guarda, já do cão de Santo Humberto, lhe foi transmitido o excelente faro e do antigo buldogue inglês (raça já extinta), herdou a agressividade, a aptidão para o combate (caça) a grandes animais, o talento para o trabalho com o gado e a insensibilidade a dor acima da média canina. Os filhotes de cães que reuniam todas estas características, eram os mais procurados por capitães-do-mato, bandeirantes, tropeiros, caçadores, fazendeiros e peões e com isto a raça se popularizou e rapidamente se espalhou pelo país.
A segunda teoria mais aceita, e com mais base bibliográfica, diz que a partir de 1631, em Pernambuco, por ocasião da invasão neerlandesa ao Brasil, os neerlandeses teriam trazido cerca de trezentos cães para ajudar a proteger as novas terras conquistadas dos portugueses e para realizar incursões contra a resistência dos indígenas liderados por Felipe Camarão, e para se protegerem de onças nestas incursões. Estes cães seriam de uma raça inglesa já extinta, o engelsen doggen, também chamados de dogue de fort race, estes cães rapidamente se espalharam pelo nordeste, acompanhando as tropas neerlandesas. Posteriormente, já após a expulsão dos neerlandeses, ao longo dos anos, os descendentes dos primeiros dogues de fort race trazidos ao Brasil, teriam sido submetidos a um aprimoramento genético devido ao novo clima, alimentação, as novas atribuições recebidas no Brasil, como a caça, o pastoreio de bovinos e a perseguição a escravos, então aquela raça que chegou ao Brasil com os neerlandeses teria evoluído através da seleção genética natural, e com isto surgia uma nova raça, o fila brasileiro. Estes cães teriam posteriormente chegado até Minas Gerais através da colonização às margens do rio São Francisco, em Minas Gerais foram muito apreciados devido a sua aptidão para o
trabalho com o gado, este estado da federação brasileira teve forte vocação para criação de gado leiteiro, e os filas eram usados para pastorear e proteger o rebanho de onças e ladrões de gado, devido as suas qualidades foram difundidos em Minas Gerais, e conservaram seu grande porte e musculatura graças a alimentação com leite e angu de milho, que era farta na região, e com o escoamento da produção mineira sendo feito pelos tropeiros, que levavam estes cães em suas comitivas para proteção e ajuda para conduzir o gado, a raça se espalhou pelo país.
Por descendência genética, esta teoria também explicaria a cor preta nos filas brasileiros, já que sabidamente o dogue de fort race tinha entre outras, a cor preta sólida, muito contestada por alguns criadores de filas brasileiros por ser inexistente nos mastiffs, cães de Santo Humberto e antigos buldogues ingleses, ascendentes do fila brasileiro segundo a versão histórica mais difundida, e inclusive também faz cair por terra a teoria que tornou décadas atrás o fila brasileiro de cor malhada como impuro, segundo seu padrão oficial, já que como podemos ver na ilustração ao lado, feita por De Sève no século XVIII, o dogue de fort race também tinha exemplares malhados, assim como os inteiramente brancos, que normalmente nasciam em ninhadas geradas por filas malhados.
Esta teoria diz que os filas brasileiros são descendentes de seu homônimo fila de terceira ou terceirense, uma raça de buldogue trazida dos Açores pelos colonos portugueses, teriam sido trazidos em massa porque os colonos precisavam de um cão para ajudar nas lides rurais, e esta raça já era usada com sucesso no pastoreio bovino na Ilha Terceira, esta migração em massa ocasionou a extinção desta raça em Portugal, e devido a seleção genética, feita por ocasião de novo clima e atribuições diferentes que tinham em Portugal, como por exemplo a caça a onças, índios e escravos fugitivos, foi formada uma nova raça em território brasileiro, o fila brasileiro, que teria herdado além do primeiro nome de seu ancestral, também o instinto de cão boiadeiro.
Outra teoria bem menos difundida, e também relatada no livro, diz que o fila brasileiro se formou com cruzamentos ocasionais de mastiffs ingleses trazidos na época da colonização portuguesa com cães do tipo perdigueiro encontrados em todo o Brasil, mas especificamente o perdigueiro brasileiro, raça com forte instinto de caça e faro, com isto manteve o
temperamento para a guarda do mastiff e ganhava a aptidão para a caça do perdigueiro brasileiro.
A mistura destas raças gerava excelentes cães de caça e com forte instinto de guarda, o que levou a popularização desta mistura de raças e do perpetuamento do sangue de seus descendentes, nascia aí o fila brasileiro.
Outra hipótese mais remota diz que o fila brasileiro seria resultado de cruzamentos ocasionais entre as raças de cães europeias citadas anteriormente, o mastiff, o cão de Santo Humberto, o antigo buldogue inglês, o engelsen doggen, também chamado de dogue de fort race e o fila de terceira ou terceirense, que foram trazidas ao Brasil pelos colonizadores portugueses e neerlandeses, e seus descendentes teriam cruzado com canídeos encontrados no Brasil, especificamente o lobo-guará e também com outra raça canina brasileira, o cão aracambé, na época do Brasil-colônia, este cão era muito comum entre os indígenas da tribo tapuia, estes acasalamentos teriam ocorrido de maneira ocasional e com influência da região, clima, alimentação e atribuições que recebiam dos colonos, e ao longo dos séculos esta
mistura de raças perdida com o tempo teria gerado o fila brasileiro.
Porém é pouco provável que o lobo-guará seja um dos ancestrais do fila brasileiro, porque apesar de comprovado que o lobo-cinzento (Canis lupus) pode gerar descendentes sadios ao cruzar com cães, existindo até algumas raças caninas originárias desta mistura, como o cão lobo checoslovaco, esta comprovação cientifica ainda não foi feita por parte do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), que apesar de ser um canídeo, sequer é uma sub-espécie do Canis lupus, é uma espécie extremamente diferente geneticamente do lobo-cinzento, ao ponto de até ser questionado se é realmente um lobo por alguns especialistas.
Uma sexta hipótese é pouquíssimo difundida, não chega a ser citada pelo Grande Livro do Fila Brasileiro, mas certamente possui um contexto histórico e fenotipico muito provável. O fila brasileiro é especialista em proteger rebanhos, e um bom condutor de bovinos, entretanto, na hipótese mais difundida de seu surgimento, não existe um cão ancestral com estas
características, nem o antigo buldogue inglês, nem o mastif, tampouco o cão de Santo Humberto são especialistas em proteger e conduzir rebanhos. O antigo buldogue inglês, pelo contrário, sua especialidade era a luta com touros, o mastif é até um bom guardião de propriedades, mas devido a sua falta de agilidade, está longe de ser um bom cão para a lida com gado, sua origem está também nos cães de combate, e o cão de santo humberto é um excelente farejador, mas nunca foi usado para a lida com gado, não tem agilidade e aptidão para isto, e muito menos aptidão para qualquer tipo de guarda.
Outro fator contrário a esta hipótese, é o fato de estas raças serem todas inglesas, e o Brasil não foi colonizado pela Inglaterra, Portugal colonizou o Brasil, e isto cria uma grande possibilidade de que o fila brasileiro descenda de raças portuguesas, é muito mais provável que os
portugueses tenham trazido para o Brasil raças originárias de Portugal, pelo simples fato de serem mais comuns em Portugal do que as raças inglesas. Em Portugal existem raças muito antigas e pouquíssimo conhecidas atualmente, o cão de Castro Laboreiro e o cão de gado transmontano, essas raças foram forjadas durante séculos pelos camponeses portugueses para se tornarem especialistas na condução e proteção de rebanhos contra ataques de lobos, assim como o fila brasileiro historicamente protegeu os rebanhos de ataques de onças. E ambas também são excelentes cães de guarda, função que também exerceram durante séculos, protegendo propriedades rurais e seus donos nas regiões mais remotas de Portugal.
Não apenas fatores históricos e comportamentais aproximam o fila brasileiro destas duas outras raças lusitanas, grandes semelhanças físicas também são evidentes entre elas, ambas possuem o tipo molossoide, por isso possuem corpo grande e musculoso, e mesmo sendo raças de grande porte, assim como o fila são raças bastante ágeis, o que é incomum
para cães de tal porte, uma ou outra possuem as seguintes características também encontradas no fila, como cabeça grande e pesada, formato da cabeça semelhante à do fila, barbela no pescoço, pele grossa, corpo retangular, altura e peso similares à do fila, garupa mais alta que a cernelha, dimorfismo evidente, com isto havendo grandes diferenças de tamanho entre machos e fêmeas, cores iguais às do fila, inclusive a preta de maneira uniforme, o que explicaria a existência da cor preta no fila, já que o antigo buldogue inglês, o mastif e o cão de Santo Humberto não possuem a cor preta de maneira uniforme.
O fila brasileiro possui um dos temperamentos mais paradoxos do reino canino, primeiro porque possui uma característica praticamente única entre todas as raças caninas, e que inclusive está descrita em seu padrão oficial, a aversão à estranhos,5 na prática, esta
característica impede que o animal seja enganado por um conhecido mal itencionado, já que a grande maioria dos filas brasileiros não aceita a visita de pessoas de fora da família em seus domínios, mesmo que acompanhado pelo seu dono, esta característica é única entre todas as raças reconhecidas pela Federação Cinológica Internacional, e devido a isto, em exposições de beleza, o fila brasileiro é a única raça que impede o contato físico com o juiz cinófilo, e atualmente não é mais penalizado por isto porque os juízes tem ciência que tal característica é prevista no seu padrão rácico.
Por outro lado, é proverbial a sua fidelidade ao dono e aos membros de sua família, procurando com insistência a companhia de seu dono,5 como um gigante carente, e é muito grande a sua tolerância com as crianças da família, geralmente deixando os pequenos até mexerem em sua vasilha de ração. Por ter um comportamento avesso à estranhos, se torna um cão muito fiel aos de sua convivência.
Fila brasileiro macho na guarda de propriedade urbana.
Forças armadas e policiais
O Exército Brasileiro e o Exército Israelense realizaram, separadamente, testes e estudos com diversas raças para escolherem o cão mais apto ao trabalho de cão de guerra (muito mais complexo do que o trabalho do cão policial). Estas organizações chegaram a conclusão de que o fila brasileiro é a melhor raça de cão para as forças armadas.
O Exército Brasileiro, através de seu reconhecido internacionalmente CIGS - Centro de Instrução de Guerra na Selva, realizou testes durante 5 anos com cães das raças doberman, pastor alemão e o próprio fila brasileiro, levando estas raças a situações extremas, próximas de um real conflito na selva. Chegaram à conclusão que o fila brasileiro é a raça mais apta ao trabalho na selva. Os estudos apontaram que o fila brasileiro teve melhor adaptabilidade às condições inóspitas da floresta amazônica e em ambiente hostil. Teve melhor desempenho na maioria das qualidades testadas, como olfato, resistência, força, coragem, silêncio, entre outras características.
O Exército Israelense fez testes semelhantes em campos de treinamento em Israel, mas em um período menor e com um número muito maior de raças, e também elegeram o fila brasileiro como a melhor raça para a guerra moderna. Segundo o relatório, a característica mais marcante da raça é a coragem, pois não recuam diante do barulho das bombas e dos tiros.
No Brasil é uma das raças oficialmente utilizadas pelo Exército Brasileiro , onde, além de seu uso pelo Comando Militar da Amazônia, é também usado como cão de guerra pára-quedista pela Brigada de Operações Especiais. Tem também destaque como cão farejador ou cão de tropa de choque na polícia do exército, porém, seu uso por outras forças policiais ou pelos corpos de bombeiros militares ainda é muito restrito.
No exterior, é amplamente utilizado por várias organizações policiais estadunidenses, inclusive a K9, e também é muito comum o seu uso por agentes penitenciários de presídios de segurança máxima dos Estados Unidos. Também é sabido de seu uso por forças de segurança do Peru, Nigéria, Israel e Chile.
Perfil clínico
Algumas doenças podem acometer esta raça devido a seu porte. São elas:
Displasia coxo-femural
Alteração física de caráter hereditário na articulação entre o fêmur e a bacia do cão, que causa problemas de locomoção, dor e incômodo ao animal. Afeta alguns indivíduos da maioria das raças de grande porte, observar se os pais são saudáveis é um bom meio de adquirir filhotes que não venham futuramente a ser portadores de displasia coxo-femural, já que se trata de uma doença genética.
Torção gástrica
Afeta alguns indivíduos da maioria das raças de grande porte, caracteriza-se pela torção do estômago, causando compressão da circulação na região abdominal. Pode levar à morte, se o cão não for operado o mais rápido possível. Dividir a ração em pelo menos duas porções diárias minimiza muito as chances de o cão ser acometido pela torção gástrica.
Estes males não chegam a ser considerados endêmicos na raça.
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